Conheço um coração, tapera escura,
Casa assombrada, onde andam penitentes
Sombras e ecos de amor, e em que perdura
A saudade, presença dos ausentes.
Olavo Bilac (1865-1918)
O que é a saudade? Podem ir ao dicionário procurar a palavra, mas onde ela mora é no coração quando sentimos falta de algo ou de alguém.
Os poetas usam muito a palavra saudade. Se não a escrevem soletrando as letras, escrevem-na de uma outra forma, ou seja, metaforicamente.
Saudade é a palavra que eu mais vejo durante esta quarentena, por isso, ousei falar dela. Conseguimos vê-la por aí a deambular pelas redes sociais. Ela está lá estampada nos rostos, nas palavras e nas imagens.
Anda de lá para cá e de cá para lá, dali para acolá… e vai crescendo, crescendo até ficar um balão gigante prestes a rebentar.
Conseguimos sentir a nossa e a saudade dos outros. Este é o momento de isolamento social, mas não é o momento de isolar os sentimentos, os afetos e as emoções. Os braços não chegam, pois não, mas chegam os sorrisos, a música, a poesia, o teatro, enfim, há muitas formas de compensar o toque, o abraço e a distância.
A empatia é a palavra mais empática que conheço. Palavra que deve ser exercitada todos os dias. Não deixes para amanhã o que podes empatiar hoje. Ups… esse verbo não existe?
É aquela palavra que nos diz o que é sentir o outro na sua plenitude. É deixar o nosso “eu” ligeiramente à margem do coração para colocarmos o “outro” no epicentro do nosso. Só assim, conseguiremos escutar, saber, sentir e compreender o outro.
Somos revestidos da mesma pele e todos sentimos saudade.
Saudade não é uma palavra de um único país, de uma única raça.
Saudade, mais do que uma palavra, é um sentimento comum a todos.
É UNIVERSAL.
Vamos sentir juntos para que o sorriso não desvaneça.