A autora/ilustradora argentina ISOL, autora que, em 2013, recebeu o prestigioso Prémio ALMA, brinda-nos com um livro desafiante pelas questões que aborda e pelo que «faz pensar». Este é, em nossa opinião, um daqueles livros que deve fazer parte de um cânone de filosofia com/para crianças.
Petit, o monstro começa com uma pergunta ao leitor, o que, de si, é, desde logo, significativo, porque centra a atenção do leitor no personagem. Depois, segue-se um conjunto de afirmações antitéticas sobre o Petit: é um menino bom / é um menino mau. Ou, de outro modo, «- Como é que um menino tão bom às vezes faz coisas tão más? O Petit não sabe o que dizer. E não se percebe o que se passa com ele! (…) Afinal é mesmo bom? Ou mesmo mau? (…) Acho que sou um menino bom-mau. Não há outra explicação!»
Talvez um dos objetivos deste livro seja o de derrubar as fronteiras (que alguns querem exatas – também Petit chega a desejar «um manual de instruções que lhe explique isto tudo.») entre o bom e o mau, o certo e o errado, de modo a superar hipocrisias, preconceitos morais e sociais e sobretudo supremacias de qualquer tipo.
Um livro para ler, reler, tresler e conversar, dialogar, sossegadamente!
ISOL (2019). Petit, o monstro. Lisboa: Orfeu Negro / Orfeu Mini.