João Manuel Ribeiro
O meu avô (Manuela Bacelar, Edições Afrontamento, 1990; 6.ª edição de 2015)
Um avô alto, aos olhos do neto, que se ocupa de coisas tão simples e pequenas como ir buscar o neto à escola, levá-lo a lanchar em casa e brincar com ele. Coisas simples que o neto, o narrador, relata de um modo muito acessível, mas às quais atribui um significado grande: «Acabado o lanche, o meu Avô fica muito pequeno. Então brincamos juntos.» A grandeza de fazer-se pequeno está presente, não sem algum tom humorístico, nos óculos do avô que vê mal quando não os põe, tal como o neto vê igualmente mal quando os põe; nos animais que há em casa do avô; no cheiro bom dos bolos do avô pasteleiro; nos bonecos que cozem no forno e fazem o neto esperar para os comer; no avô chateado, porque se esquece dos doces que saltam da panela e da alegria que o neto encontra nisso e que o faz chamar os amigos e fazer uma grande festa.
As ilustrações, peculiares no estilo e na forma, ajudam a concretizar o texto, ora antecipando, ora suscitando possibilidades que o texto não enuncia, mas mantendo sempre uma componente figurativa forte, capaz de captar a atenção (verbal e visual) dos leitores iniciais.